29 de agosto de 2010

Surfwear em BH


Este fim de semana uma postagem de um blog repercurtiu de tal forma no meu twitter que eu não pude deixar de ler. O artigo intitulado Louboutin em Recife (clique aqui para ler) tratava de um assunto básico: a adaptação das tendências da moda ao ambiente. O problema foi a forma como o assunto foi abordado. Regionalismos, preconceitos e discussões à parte, o que me levou a tocar no assunto não foi o post propriamente dito (afinal, quem fala o que quer está fadado a escutar o que não quer), mas sim alguns pensamentos que eu tinha guardado lá no quase-sub-consciente e que voltaram à tona.


Charles Darwin ficou famoso por sua teoria de evolução das espécies. Nela, um dos apontamentos é o famoso "os mais fortes sobrevivem". Depois, nas aulas de biologia, descobrimos que não são os mais fortes fisicamente, mas sim aqueles que melhor se adaptam ao ambiente.
E é assim até hoje. Inclusive com os seres humanos. Aquele que não se adapta ao ambiente de trabalho, não sobrevive. Aquele que não se adapta à um determinado relacionamento amoroso, toma um pé na bunda.


Posta a teoria, vamos ao assunto: BH ficou, por um bom tempo, perdido no limbo fashionista. Pela proximidade das "potências" Rio-SP, acabávamos por usar o que era moda por lá.
Depois, a coisa evoluiu. E muito. Cabecinhas pensantes resolveram pegar o que de melhor a moda nos oferecia e foram adaptando à nossa cidade. Nomes como Ronaldo Fraga e Glória Coelho tornaram-se mundialmente conhecidos. Só de olhar para Débora Falabela e Fernanda Takai dava pra sentir que elas tinham algo em comum. Marcas mineiras nasceram, cresceram, reproduziram e persistem até hoje. "Os mais fortes sobreviveram".


Ok. Final feliz? Ainda não.
Algumas cabecinhas menos pensantes ainda teimam em não se adaptar, achando que o bacana é ser cópia do que bomba na liga Rio-SP. Tem gente que esquece que o Curral Del Rey passou a se chamar Belo Horizonte e acha que ainda vive na roça, de onde não sai nada de bom, passando a supervalorizar o que vem de fora.


Exemplo? O tal surfwear. Nada contra. Imagina sair da praia com uma bermuda de tactel que logo logo está sequinha? Ou então, com uma camiseta com desenhos de ondas estilizadas e "pegar geral" a mulherada louca por surfistas? Bacana, né? É: no Rio e em Santos. Porque MINAS GERAIS NÃO TEM MAR.
Comprar uma ou outra bermuda é válido: existem clubes. Mas saí por BH de Osklen dos pés à cabeça com um tom alaranjado (do bronzeamento artificial) e cabelos loiros-AnaMariaBraga é demais pra mim! A não ser, obviamente, que você seja um turista acidental ou proposital.
Ampliando a geografia: sapatos Fernando Pires em cidades históricas de Minas. Dá pra imaginar um saltão descendo ladeiras de paralelepípedo? Só se for pra imaginar a moçoila rolando ladeira abaixo.
Bom, acho que era isso.

Adaptabilidade é (quase) tudo, minha gente. Ao invés de pensar que você só vai fazer papel de ridículo se for trabalhar de micro-saia-bandage em um tribunal, reveja outras situações mais básicas. Titio Darwin avisou: os menos adaptados podem acabar morrendo na praia!

Um comentário:

  1. Eu acho que seguir a tendência vinda de outro lugar é correto até certo ponto: o de adaptá-la para a sua realidade. Não concordo com o post que te inspirou, mas acho que tenho a mesma opinião que você. O problema não é imitar a moda vinda do Rio ou de SP em Minas ou Salvador, mas fazer isso sem nenhuma alteração. Cada local pede por uma roupa diferente, mas nem por isso deviam se desconectar completamente dos outros pólos que ditam a moda, como é defendido no post 'louboutin em recife'.

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